"AJUDANDO OS PAIS A ENTENDEREM MELHOR SEUS FILHOS. PAIS INFORMADOS. FILHOS MAIS FELIZES."

domingo, 19 de setembro de 2010

Uma palavra aos pais desanimados


Por Nancy Van Pelt

Muitos pais de adolescentes têm sentimentos de insuficiência própria. Perguntas como “Será que fiz a coisa certa?” os atormentam. Você sentiu esse drama alguma vez? Se continua fazendo a mesma pergunta, tenha a certeza de que está agindo como deveria. Às vezes, as coisas parecem irremediáveis, mas talvez sejam melhores do que você imagina.
Durante o período em que você conviveu com adolescentes em casa, a tensão e os desentendimentos podem tê-lo confundido e magoado. Os desentendimentos podem não ter sido agradáveis, mas indicam que os canais de comunicação se mantiveram abertos. Um conflito aberto é melhor do que uma guerra fria, em que os membros da família se escondem na hostilidade e indiferença silenciosa.
Por mais difíceis que sejam os anos da adolescência, os pais devem manter as portas da aceitação, do amor e da comunicação abertas. Sejam firmes e amorosos. O adolescente pode se mostrar hostil, ressentido, rebelde, mal-humorado e retraído. Você pode sentir que sua paciência se esgotou e querer abandonar tudo, distanciar-se ou pedir ao seu filho que saia de casa. No entanto, lembre-se de que, quanto mais difícil for seu filho, mais necessidade de amor e aceitação ele tem. Mesmo que ele reprove tudo o que você fizer, jamais o rejeite. Você é uma pessoa madura; seu filho ainda está amadurecendo.
Você pode agir com juízo durante o momento de dificuldade, mesmo quando ele não pode. Ao se comportar com firmeza, mas com amor, você terá sua recompensa se ele, no futuro, imitar seu comportamento sensato. Procure agir de tal maneira que, quando seu filho sair de casa, mantenha as melhores relações com você.
A culpa que uma pessoa sente pelo que fez ou deixou de fazer apenas piora a situação. O medo de fracassar, às vezes, atrapalha nosso pensamento até o ponto em que não podemos distinguir entre a culpa real e a culpa irracional. Cada novo problema que surge traz novos temores diante da possibilidade de agir de forma inadequada. A opressão da culpa fica tão intensa que ameaça nos alienar. Se não pudermos enfrentar nossos sentimentos de culpa de forma aberta e honesta, eles estragarão as relações com nosso cônjuge, nossos filhos, nossos familiares e os companheiros de trabalho. A culpa é como um ladrão e nos rouba o prazer de viver.
Estudos recentes sobre o desenvolvimento infantil indicam que o temperamento da criança tem mais influência sobre seu desenvolvimento do que se supunha. Com frequência, chama-se a atenção para o grande poder dos pais e a debilidade da criança. Todos reconhecemos a profunda influência que os pais exercem, mas subestimamos o papel do filho em seu próprio desenvolvimento. Os pais devem estabelecer uma distinção entre influência e controle. Ambos podem ser exercidos durante os primeiros anos, mas os pais têm de diminuir o controle quando os filhos chegam à adolescência. Mesmo com os menores, deve-se evitar o excesso de controle. Cada criança é um indivíduo particular, com sua própria vontade e capacidade de tomar decisões.
Fonte: PELT, Nancy Van. Como Formar Filhos Vencedores: Desenvolvendo o Caráter e a Personalidade. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2006.
Não é possível eliminar a dor, mas você pode se concentrar na esperança para o futuro. Faça um esforço para não se fixar no lado negativo da vida. Fortaleça a esperança, confiando que, no futuro, a situação será mais positiva. Além disso, lembre-se de que os filhos adolescentes têm direito de tomar certas decisões concernentes a seu futuro. Eles devem ser responsáveis por suas decisões, seu comportamento e pelos resultados de sua maneira de ser.

Ficar é diferente de namorar



Por Nancy Van Pelt

O “ficar” é um fenômeno que os jovens e os não tão jovens de hoje acreditam ter inventado, mas, na verdade, ele é muito antigo, tendo, através dos tempos, recebido outros nomes. O “ficar” é um encontro entre duas pessoas que sentem atração física uma pela outra e decidem ficar juntas por alguns minutos ou horas, durante uma festa, no shopping, na escola, no acampamento, na praia ou em qualquer outro local onde tenham se encontrado. É “olhou, gostou, ficou”. Não tem nada a ver com namoro, com amor e, muito menos, com compromisso. Depois de “ficar”, os dois podem até voltar a se encontrar e não acontecer mais nada ou podem querer se encontrar novamente, ficar de novo e até resolver namorar e desenvolver um relacionamento com compromisso.
“Ficar” pode significar apenas “selinhos” ou chegar a carícias mais avançadas. Tudo depende da ousadia do rapaz e do consentimento da moça ou vice-versa. O “ficar” é diferente do “transar”, que implica ter relações sexuais completas. Quando “ficam” várias vezes com a mesma pessoa, costumam dizer que “estão de rolo”, o que ainda não é namoro. O “ficar” pode ser uma forma de treinar e desenvolver segurança em relação ao sexo oposto. Não há cobranças, cada um faz o que quer, sem dar satisfação.
Uma grande preocupação em relação a esse fenômeno é que muitos jovens só “ficam”, nunca namoram. Com isso, não aprendem a desenvolver um relacionamento a dois, a ter conflitos e diferenças e a resolvê-Ios, o que pode atrapalhar muito quando resolverem escolher alguém para casar. O namoro é uma etapa fundamental no desenvolvimento do jovem, pois desenvolve a personalidade, ensina a conhecer o sexo oposto e a aprender a lidar com as diferenças. Preenche a necessidade que todos temos de ser amados, propicia atividades de divertimento e lazer e é o caminho para encontrar o futuro parceiro para o casamento.
Quem só “fica” pode estar fugindo do envolvimento e da intimidade; pode ficar superexigente na busca de alguém perfeito que, provavelmente, nunca vai encontrar; pode ter baixa autoestima; pode só gostar de desafios, precisando testar constantemente sua capacidade de atração; pode ter medo de se sentir sufocado em um relacionamento.
Assim, quem só conhece o “ficar” está muito mais propenso a viver relacionamentos descartáveis também no casamento, pois nunca passou pelo aprendizado de relação a dois que o namoro proporciona. Cabe aos pais levantar essa questão junto aos filhos e orientá-Ios sobre a importância do namoro e como conviver com o “ficar” sem os riscos de tornar fútil essa etapa tão importante na vida dos adolescentes e jovens adultos.

Fonte: PELT, Nancy Van. Como Formar Filhos Vencedores: Desenvolvendo o Caráter e a Personalidade. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2006.

O namoro e o comportamento sexual



Por Nancy Van Pelt

Talvez os pais tenham menos influência e controle quando o tema é namoro e sexo do que em qualquer outro assunto da vida do adolescente. Sem perceber, muitos pais colocam empecilhos no caminho dos filhos, de modo que eles não sentem confiança para conversar sobre sexo e amor no período mais difícil de sua vida. Poucos pais estão cientes do comportamento e das normas de seus próprios filhos em relação ao namoro e ao comportamento sexual.
Por uma razão simples: há boas intenções, mas métodos falhos. Ao não querer comentar esse tema, os pais pensam que desestimularão o filho a namorar. Mais tarde, quando já não podem ignorar o assunto, tornam-se ditadores e dominadores em relação à hora em que deve voltar para casa e às suas atividades. Além disso, reagem violentamente, com frequência zombam do namoro do filho, de modo que o adolescente prefere escondê-lo para não cair no ridículo.
Há um caminho melhor. O assunto namoro deve ser tratado nos momentos familiares, durante os primeiros anos da adolescência. Os filhos devem se sentir livres para fazer comentários e perguntas, não importando quão estranhos ou surpreendentes possam ser. Os pais devem evitar responder com senões, comentários maldosos ou represálias. Você não gostaria que seu filho recebesse informação de sua parte em vez de recebê-Ia de seus amigos? Lembre-se também de que, nessas ocasiões, ele está aprendendo e crescendo. Através de orientação paciente e sábia e graças a uma franca aceitação dos pais, os valores do adolescente surgirão gradualmente.
Depois de ter preparado o caminho com conversas francas, você poderá estabelecer as regras necessárias. Num acordo sobre os namoros, é preciso estabelecer a idade de começar o relacionamento, quantas vezes por semana serão os encontros, a hora de chegar em casa, as saídas com pessoas desconhecidas e outras coisas parecidas. Tudo isso deve ser esclarecido antes que o adolescente comece a sair com pessoas do sexo oposto.
Uma das coisas mais difíceis de discutir, mas talvez a mais necessária, é o comportamento sexual. Muitos pais preferem fechar a porta da discussão sobre o tema, agindo de forma arbitrária. Sua reação exagerada fará com que o adolescente se empenhe em defender suas crenças ou o levará a agir “por baixo do pano”.
Muitos pais se surpreenderiam ao ver com quanta liberdade os jovens de hoje expressam seu afeto físico. Prepare-se para escutar seus filhos e esteja pronto para dar conselhos sem se tornar juiz. Assim, poderá ajudá-los a estabelecer suas próprias normas.

Fonte: PELT, Nancy Van. Como Formar Filhos Vencedores: Desenvolvendo o Caráter e a Personalidade. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2006.

A tarefa dos pais


Por Nancy Van Pelt

Os pais podem ajudar os adolescentes de várias maneiras:

1. Respeite a privacidade. O adolescente precisa ter um lugar próprio, e os pais não devem se sentir rejeitados se ele fechar a porta do quarto. As coisas particulares incluem as cartas, o diário e as chamadas telefônicas. Os pais que bisbilhotam o quarto e os objetos pessoais do adolescente para encontrar evidências de atividades clandestinas estão violando o direito de privacidade do filho. Se você suspeita que seu filho esteja usando drogas, a necessidade de procurar e confiscar a droga é outro assunto; mas nada de prender diários pessoais e correspondência ou procurar coisas nos bolsos, nas carteiras e nas gavetas.

2. Torne o lar atrativo. Alguns pequenos cuidados, como uma aparência pessoal bem cuidada, arrumar as camas e manter a cozinha limpa, podem salvar o adolescente de se sentir envergonhado quando seus amigos o visitam. O adolescente é muito sensível à opinião que seus companheiros possam ter de seus pais, mesmo que ele próprio ande de qualquer jeito. Nunca deixe de fazer coisas em família. Muitos jovens têm bons pais, mas não os conhecem de verdade, porque só os veem quando estão dando broncas, criticando ou dizendo o que devem fazer. Uma das coisas que mais influenciam na felicidade da família é o sentimento de companheirismo e compreensão. Muitos dos contatos dos pais com seus filhos adolescentes são de necessidade, para a rotina e com finalidade de controlar. Por isso, é importante que também haja contatos menos sérios e mutuamente satisfatórios. As brincadeiras em família, as viagens ao campo, as férias, as caminhadas pelo bosque, os projetos de construção e os debates amigáveis criam uma atmosfera agradável que atrai os filhos.

3. Supervisione sutilmente. O adolescente não responde quando enfrenta uma série de situações negativas; no entanto, quer ser dirigido. Por um lado, prefere pais que manifestem firmeza; mas, por outro lado, se revolta quando lhe negam a liberdade a que tem direito. Nesse caso, pode ameaçar: “Deem-me liberdade ou eu vou embora desta casa”. Entretanto, a disciplina de modo nenhum cessa ou diminui na adolescência. O adolescente precisa que a âncora da disciplina parental (termo atual relativo ao pai e à mãe) o sustenha durante esse período da vida. A disciplina, como se sabe, deve ser justa e sem divisão. Não se deve permitir a nenhum filho indispor o pai contra a mãe; quando for preciso tomar uma decisão, o chefe da unidade familiar deve assumir essa responsabilidade.

4. Respeite o grito de independência. O adolescente precisa dos laços familiares, mas não quer estar preso, e os pais devem reconhecer essa diferença. Às vezes, os pais temem dar independência ao adolescente porque pensam que ele não tem idade suficiente para usá-Ia de forma responsável. O adolescente quer ser livre, mas não está pronto para ser independente e não entenderá mesmo que você o lembre disso a cada momento. Quando o adolescente lhe pedir mais liberdade, permita-lhe tomar suas próprias decisões, desde que seja responsável pelo resultado de seus próprios atos. Em geral, quando o jovem não está pronto para enfrentar essa nova liberdade, o mais seguro é que volte a você em busca de orientação.

5. Mantenha o bom humor. Para lidar satisfatoriamente com um adolescente, é preciso que haja equilíbrio entre o amor e a disciplina na escala do bom humor. O adolescente — e até mesmo o adulto — faz qualquer coisa razoável se alguém lhe pede de forma agradável. O bom humor é um antídoto contra a tendência de considerar a adolescência com muita seriedade. O riso produz uma atmosfera de aceitação e alegria no lar, e o adolescente precisa aprender a desfrutar da vida familiar e rir com os outros e sozinho.

6. Discuta as mudanças que podem ocorrer. Comente com o seu filho as mudanças que ocorrem durante a adolescência, as mudanças nas regras do lar e as pressões que enfrentarão no futuro. Com certeza, você já deve ter falado com ele sobre as mudanças que acontecerão em seu corpo, mas agora é o momento oportuno para repassar essas coisas; quando se trata do desenvolvimento sexual, é preciso fazê-lo com clareza e sem vacilar.

7. Promova o entendimento. Fale em particular com os membros mais jovens da família sobre certos problemas que precisam de mais compreensão da parte deles, mostrando como poderiam ajudar a aliviar a carga. Ao dar-lhes a oportunidade de participar de certos assuntos, os pais podem ajudá-los a entender melhor a adolescência antes de chegarem a essa fase.

8. Ouça o adolescente. Muitos pais não ouvem seus filhos adolescentes — pelo menos não com mente aberta. Alguns se importam pouco com as ideias e os sentimentos deles: “Além de tudo, é apenas uma criança. Eu o ouvirei quando aprender a dizer o que tem para dizer”.
Em uma pesquisa feita entre adolescentes, fizeram-se estas perguntas: “Quando você tiver seu próprio lar, gostaria que ele fosse como o seu agora ou preferiria fazer mudanças? Se pretende fazer mudanças, quais seriam elas?”. A maioria respondeu que a mudança seria dedicar mais tempo para ouvir os filhos. Um deles respondeu: “Se procuro minha mãe com algum problema, ela se escandaliza com o que eu digo e pede que eu tire da minha mente essas bobagens. Se procuro meu pai, ele me passa um sermão de uma hora”.
Os jovens de hoje são uma nova geração e devem sentir que nos preocupamos com eles, ouvindo o que nos dizem sem nos aborrecermos, sem culpar ninguém, sem os julgar e sem os podar. Ouvir os jovens com atenção é um fator muito importante; cria uma ponte sobre o abismo entre as gerações.

9. Dê segurança, amor e aceitação. O adolescente precisa de segurança num relacionamento que não muda com as circunstâncias. Ele precisa saber que, mesmo que haja mal- -entendidos e diferenças, sua relação com os pais não será interrompida.
Para o adolescente, um amor maduro significa que tanto o pai como a mãe estão dispostos a participar na sua vida e no seu crescimento e a liberar essa pessoa em desenvolvimento para esferas cada vez mais amplas da existência. Os pais devem dar aos filhos grande quantidade de afeto físico. O adolescente que na infância foi consolado por seus pais depois de um tombo ou de um machucado não se envergonhará do afeto deles nem se sentirá tão inclinado a buscar uma compensação nas relações sexuais prematuras.

10. Os adolescentes precisam ver que seus pais expressam amor mútuo a cada dia. Estudos cuidadosos indicam que as boas relações entre o casal podem ser profundamente afetadas quando os filhos estão na adolescência. Um dos fatores que contribuem para isso é a tensão emocional que se produz. Outros problemas têm pouco a ver com os filhos, mas surgem das necessidades não satisfeitas do esposo e da esposa.

Nos primeiros anos de vida da criança, a mãe pode satisfazer sozinha sua necessidade de segurança, mas, durante os tumultuados anos da adolescência, o jovem precisa da atenção tanto do pai como da mãe. Se ambos resolverem os problemas que impedem uma relação matrimonial satisfatória, a maioria dos problemas da adolescência também desaparecerão. A segurança do adolescente é reforçada quando a segurança em família é evidente.

Fonte: PELT, Nancy Van. Como Formar Filhos Vencedores: Desenvolvendo o Caráter e a Personalidade. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2006.

Responsabilidades de trabalho para o adolescente



Por Nancy Van Pelt

Antes que um astronauta esteja capacitado para viajar num veículo espacial, ele recebe instruções muito cuidadosas sobre a forma como o veículo deve ser operado. Quanto mais ele aprender e praticar, melhor astronauta será. Da mesma forma, antes que um adolescente possa assumir as responsabilidades da vida adulta, precisa aprender sobre essa vida e como vivê-Ia. Portanto, os pais sábios transformarão seus lares em laboratórios, onde cada adolescente poderá praticar a arte de viver.
Os adolescentes de ambos os sexos devem aprender a cozinhar, lavar, limpar a casa, fazer reparos simples e compras no supermercado, equilibrar o orçamento e fazer planos para eventos sociais.
É muito bom que os adolescentes tenham responsabilidades e se mantenham ativos. A um jovem de 16 anos, por exemplo, não se deve apenas deixar que lave o carro, mas que também dê sua opinião sobre a compra de um novo automóvel. Não se deve apenas pedir a um adolescente que limpe as janelas e a casa, mas que tenha voz e voto na escolha de materiais e cores que devem ser usados na decoração.
Embora os adolescentes devam participar das tarefas domésticas, os pais devem permitir que eles tenham tempo livre para realizar suas próprias atividades. Se João joga basquete nas terças-feiras à noite, não é justo que se negue esse privilégio a ele porque nessa noite ele tem de lavar os pratos. É bom fazer um programa adequado. Se o pai e a mãe o ajudarem a lavar os pratos, ele também aprenderá a ajudar os outros quando se encontrarem em necessidade.
Os pais devem dar prioridade ao adolescente que trabalha fora parte do tempo. As tarefas do lar não devem interferir, a menos que a situação no lar o requeira. O trabalho de meio período oferece ao adolescente um sentido de prestígio, e às vezes uma fonte de dinheiro pode até ajudar a definir sua carreira. Permita que o adolescente dedique gradualmente mais tempo ao trabalho e menos tempo às atividades do lar, se assim o desejar.
Durante a adolescência, a escolha do momento certo ocupa papel relevante no ensino da responsabilidade. E, de novo, relembramos que o momento mais favorável para ensinar responsabilidade ao jovem é quando ele demonstra interesse definido por certa atividade. Um jovem chegou em casa todo entusiasmado quando aprendeu a fazer um dispositivo elétrico na aula de eletricidade. Pensou que seria capaz de fazer um que abrisse a porta da garagem. O pai o incentivou para que fizesse o projeto; ambos conseguiram os materiais necessários e começaram a trabalhar na garagem durante seu tempo livre. Como o dispositivo elétrico foi um verdadeiro sucesso, pensaram em novos projetos que pudessem ser realizados com as ferramentas do pai. Dessa maneira, o filho, que nunca tinha se preocupado com o futuro, começou a pensar na carreira de eletricista ou engenheiro elétrico.
Em um estudo recente, 88% dos jovens que estavam com problemas com a lei responderam “nada” quando indagados sobre o que faziam no seu tempo livre. O trabalho caseiro, especialmente a limpeza das paredes e dos pisos, ajuda a manter a boa forma, a desenvolver os músculos e a canalizar as energias próprias da juventude e da vitalidade de um corpo em desenvolvimento. Cozinhar e costurar ajuda o jovem a se preparar para realizar os trabalhos do lar. O trabalho é a melhor disciplina que um adolescente pode ter. Ele ensina as virtudes da laboriosidade e da paciência; ajuda a escolher uma profissão para os anos seguintes; mantém o jovem ativo e livre da ociosidade e do mau comportamento; e possibilita a integridade, a confiança e o respeito próprio.

Fonte: PELT, Nancy Van. Como Formar Filhos Vencedores: Desenvolvendo o Caráter e a Personalidade. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2006.

Castigo para os adolescentes


Por Nancy Van Pelt

Os pais não devem castigar fisicamente o adolescente. Ele se considera adulto e crê que apanhar é para as crianças. Sua autoestima não pode ser sacrificada no altar do ressentimento. Isso não quer dizer que o controle deva ser abandonado. Ao contrário, o adolescente precisa de uma supervisão firme e constante. Muitos erros e faltas do adolescente podem ser corrigidos com diálogos, num clima de amor e consideração. Se esse método fracassar, talvez seja conveniente tirar-lhe alguma regalia: sair com os amigos, usar o carro ou coisas parecidas. Reter a mesada ajuda a controlar o comportamento, mas não use esse método para que ele melhore as notas na escola.
As medidas disciplinares funcionam de forma mais efetiva entre os adolescentes quando eles colaboram na elaboração das regras e do castigo por sua desobediência. Uma mãe, quando seu filho voltou certa noite catorze minutos depois da hora combinada, disse: “Aplique você mesmo o castigo que merece e faça-o agora”. “Sou um idiota!”, exclamou o jovem em voz alta. “Se voltar a chegar tarde, perderei o privilégio de sair à noite, coisa que não quero”. Com um sorriso, continuou, com toda a riqueza de detalhes, fazendo o ritual que seus pais faziam para dar-lhe bronca quando desobedecia, incluindo as razões, e tomou a decisão de voltar para casa antes da hora combinada. Essa atitude ajudou sua mãe a manter a calma num momento em que se encontrava muito cansada para agir com justiça. Além disso, ela ficou satisfeita ao ver que ele aprendera a agir com responsabilidade. A partir daquela noite, o rapaz passou a chegar sempre cedo.

Fonte: PELT, Nancy Van. Como Formar Filhos Vencedores: Desenvolvendo o Caráter e a Personalidade. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2006.

“Todo mundo faz isso”


Por Nancy Van Pelt

Uma armadilha comum em que os pais caem é o argumento apresentado pelos filhos: “Todo mundo faz isso”. Nesse caso, os pais devem explicar que nem todo mundo faz as coisas da mesma forma; e, portanto, não precisam saber o que outros pais estão fazendo. Devem dar ao adolescente a liberdade que ele deseja, mas até onde seja razoável.

Dizer “não” imediatamente quando o filho adolescente pede permissão para fazer algo pode ser um erro. Os pais sentem que estão pisando em terreno seguro quando adiam as coisas para o outro dia. Por isso, começam dizendo “não”, mas, depois de ouvir os argumentos do filho, com frequência mudam de opinião e dizem “sim”. Essa atitude ensina ao jovem que vale a pena insistir e discutir e que um “não” significa, na verdade, um “talvez... vou pensar”. Uma estratégia mais inteligente seria dizer: “Explique tudo direitinho, e depois tomarei uma decisão”. Quando o jovem lhe apresentar os fatos, diga-lhe: “Ainda não tomei uma decisão. Preciso de tempo para pensar. Quero falar com sua mãe (seu pai), e depois lhe diremos o que decidimos”. Tome a decisão mais racional possível e a cumpra a todo custo.


Fonte: PELT, Nancy Van. Como Formar Filhos Vencedores: Desenvolvendo o Caráter e a Personalidade. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2006.

Protegendo, dando sermão ou imunizando?


Por Nancy Van Pelt

Você não pode isolar completamente seu filho adolescente da influência da sociedade. Os mesmos problemas que existem em escolas públicas podem ser encontrados nas escolas particulares, em algum grau. Um dia, o adolescente terá que abandonar esse ambiente controlado e protegido do lar e não estará preparado para enfrentar a realidade da vida.
Outro erro comum ocorre quando os pais reagem exageradamente em relação às influências negativas. Eles pensam que, ao reagir com uma crítica dura e negativa contra as normas e atividades reprováveis, o adolescente as evitará no futuro. Por exemplo, num esforço de evitar que o filho ouça certo tipo de música, o pai começa a fazer comentários desfavoráveis sobre isso.
Em geral, esse método é contraproducente. Muitos adolescentes não se impressionam nem dão atenção à reação drástica. Talvez respeitem ou sejam indiferentes em casa, mas, fora, voltam-se contra o que seus pais disseram. Os filhos podem manter atividades clandestinas mesmo dentro de sua própria casa, enquanto aparentam um bom comportamento. Quando, finalmente, os pais descobrem a verdade, enchem-se de culpa e aflição. Perguntam-se: “Como é possível que meu filho siga os maus costumes dos outros se ensinamos exatamente o contrário?”.
O recurso mais efetivo para ensinar valores e normas ao adolescente é o “método da vacina”. Quando os pais dão a seus filhos a oportunidade de receber pequenas doses de agentes infectados para adquirir imunidade contra a doença, estão preparando-os eficazmente para resistir ao mal. Em vez de dar sermões sobre as influências negativas ou tentar isolar os filhos, ensine os valores através do exemplo e da discussão direta das situações a que estão expostos e que merecem censura. Quando surgir algum problema, analise junto com seu filho os pontos positivos e os negativos. O jovem é exposto a pontos de vista claros e lógicos, sendo orientado sutilmente.
Alguns pais, tão cedo quanto possível, permitem que o filho tome sua própria decisão, mesmo que esta não seja a melhor. É preferível que o jovem aprenda logo cedo a evitar as decisões inadequadas. Poucos pais conseguem tolerar essa atmosfera de franqueza, mas é a forma mais efetiva de enfrentar a situação. A maioria dos pais se sente obrigada a decidir por seus filhos adolescentes. No entanto, a capacidade de tomar decisões sábias é algo que pode ser aprendido. É como um músculo que se exercita repetidamente para que se desenvolva.
Os pais conscientes que querem complementar o “método da vacina” poderão ajudar o adolescente a elaborar as normas do lar relativas a certas atividades. Algumas atividades importantes, como dirigir o carro da família, sair com jovens do sexo oposto e o comportamento sexual, podem ser controladas com sucesso se forem mencionadas as precauções. Antes do período em que o adolescente tenha permissão para, por exemplo, namorar ou dirigir, deve ser encorajado a sugerir normas relativas a essa atividade. Os pais podem contribuir nessa elaboração, chegando, junto com seu filho, a um acordo, que pode ser registrado por escrito. Esse método é muito eficaz, porque, quando o jovem formula uma regra e decide respeitá-la, faz isso com mais fidelidade do que se fosse algo ditado apenas por seus pais. É importante que você receba toda a comunicação que puder da parte do adolescente e que ofereça o mínimo de orientação parental.
Tal enfoque requer tempo, esforço e paciência, mas proporciona grandes e ricos resultados. O adolescente que é encorajado a tomar suas próprias decisões tende a colaborar com os regulamentos da família, desenvolvendo uma independência saudável e um respeito próprio positivo — duas características indispensáveis nessa fase.

Fonte: PELT, Nancy Van. Como Formar Filhos Vencedores: Desenvolvendo o Caráter e a Personalidade. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2006.

Pontos positivos e negativos da rebeldia


Por Nancy Van Pelt

Durante a adolescência, o jovem começa a rejeitar alguns valores de seus pais, suas ideias e seus controles e passa a estabelecer seus próprios limites. Em certo sentido, esse é um processo positivo, é o estabelecimento de sua própria individualidade, seus princípios éticos, seus valores, suas ideias e suas crenças. Para alguns jovens, esse processo ocorre nos primeiros anos da adolescência; em compensação, para outros, chega mais tarde. Para alguns, é uma transição difícil; mas, para outros, é bastante fácil. Os pais com filhos que manifestam um pequeno grau de rebeldia se surpreendem quando escutam histórias de outros pais que fracassaram no relacionamento com seus filhos, experimentando muita angústia, dissabores e desafios diretos.
O processo de estabelecer a própria identidade é um passo necessário para todo adolescente. Se não faz isso durante a adolescência, que é o momento oportuno, o mais provável é que acabe acontecendo mais tarde. Talvez durante a idade adulta. Muitas situações críticas da vida adulta podem, na realidade, ser consideradas períodos de rebeldia em estado latente. É muito mais saudável quando essa experiência acontece naturalmente.


O adolescente, através de sua atitude rebelde, procura o reconhecimento de sua individualidade. Não quer que seus pais o considerem um objeto de sua propriedade, apesar de continuar sob a responsabilidade deles. Tenta descobrir quem na realidade é, no que crê e os princípios que defende. Tanto a sua identidade como o respeito próprio estão em jogo. Em sua ansiedade de encontrar a resposta para essas inquietações, talvez reaja agressivamente contra a autoridade dos pais, como nunca havia feito antes. É por isso que você, como pai ou mãe, deve ter a sabedoria necessária nesse momento para reconhecer que a reação de seu filho não é uma atitude pessoal contra você, mas parte de um processo normal que está se desenvolvendo no interior dele.
A rebeldia normal levará o adolescente a uma vida adulta madura. Esse período construtivo o ajudará a se libertar de seus traços infantis e a desenvolver sua própria independência. Nessa fase, pode ser difícil manter os canais de comunicação abertos. Mas, especialmente nos períodos de dificuldade, tanto os pais como o adolescente devem manter a comunicação e explorar os problemas persistentes. Lembre- -se de que o adolescente não pode controlar suas emoções sozinho e de forma racional, tampouco está equipado para enfrentar as intensas emoções de seus pais.
Talvez a grande alteração no humor do adolescente frustre os pais. Às vezes, ele se comporta como se fosse “o rei da montanha”, de onde contempla a beleza e o esplendor da vida. Mas, antes que você possa se adaptar a esse estado de ânimo tão otimista, ele cai no abismo do desespero e do desânimo. Todos os aspectos da vida parecem crescer de maneira exagerada e descomunal. Todas as coisas são boas ou feias, quentes ou frias, maravilhosas ou detestáveis. A maturidade das ações e reações dos pais ajudará o adolescente a reconhecer que a vida é 10% do que acontece a uma pessoa e 90% de como essa pessoa reage diante dos acontecimentos.
Apesar de o adolescente esquadrinhar todas as coisas, ele não faz uma pausa suficientemente longa para deter-se em algo particular. Um dia, pode desviar um quarteirão de seu caminho para ver Júlia, mas, poucas semanas depois, caminha dois quarteirões para evitá-Ia. Num dia, não consegue parar de comer pizza, mas, no outro, não entende por que as pessoas acham tão bom comer pizza.
Durante as fases normais de rebeldia, você pode esperar que seu filho adolescente desafie sua autoridade em vários aspectos: ao responder a você, ao argumentar, ao discutir as regras e os limites, ao questionar sua religião e ao recusar valores, que, por tanto tempo, fizeram parte da família. Pode também demonstrar claramente o mesmo desafio à sua autoridade através das roupas que usa e da música que ouve. Muitos adolescentes demonstram a rebeldia através do álcool, das drogas e do sexo.
Se o período de rebeldia do adolescente irá se manter nos limites do “normal” ou se será uma coisa anormal, depende, em grande medida, da intensidade e direção da reação dos pais. Se você redobra seus esforços para controlar a situação sem levar seu filho em consideração, a sementinha da rebeldia criará fortes raízes nele. Talvez você possa controlá-lo por algum tempo, porém o mais provável é que ele decida se distanciar de qualquer forma. No entanto, se você tiver paciência, enquanto seu filho busca se achar, seu relacionamento com ele se manterá dentro dos limites saudáveis e construtivos, o que é muito importante. O que você acha?

A rebeldia anormal

Talvez você pergunte: “Se tudo isso for normal, o que será anormal?”. A rebeldia anormal prejudica a família quando há constantes discussões, por exemplo, sobre o carro, os namoros, as amizades, as regras, as limitações ou o dinheiro. A guerra fria se estabelece no lar em que os membros da família têm medo de falar para não aumentar a rebeldia. A rebeldia anormal tira o jovem do caminho principal da vida e o força a andar por um caminho estreito que o leva a uma vida cheia de amargura e ódio.
A rebeldia anormal pode ser medida através do seu grau de intensidade e da frequência com que ocorre. Por exemplo, certa vez, alguns rapazes passaram com o carro nos jardins das casas da vizinhança, destruíram plantas e flores, bateram nos postes de luz e derrubaram paredes com machados. O pai de um desses adolescentes frustrados, aborrecidos e ricos disse: “Estão apenas extravasando seu ânimo”. E que ânimo! O dano ficou em torno de 400 mil dólares.
Hoje em dia, mais da metade dos roubos em lojas são feitos por adolescentes, e a maioria pertence à classe média. Não roubam porque têm necessidade, mas pela emoção que essa experiência proporciona. Duas garotas de Beverly Hills tentaram roubar umas blusas caras. Surpreendidas pela polícia, propuseram devolver a mercadoria às prateleiras em troca da liberdade. Sua travessura demonstrava ser outra forma de rebeldia ao declarar “Não vou obedecer às regras”. Às vezes, esses adolescentes procuram desesperadamente dizer a seus pais: “Talvez assim me deem atenção”.
A rebeldia é anormal quando o adolescente se nega a obedecer, por qualquer razão, às regras do lar, ignora o horário de voltar para casa, faz uso de bebidas alcoólicas e drogas, pratica sexo, vive transgredindo as leis e se veste com roupas esquisitas. Em poucas palavras, pode-se dizer que a rebeldia anormal carrega consigo uma recusa total das normas estabelecidas pela família ou das responsabilidades sociais. Quanto mais jovem é o adolescente quando entra nesse estado de rebeldia anormal, mais difícil será para a família controlar a situação, especialmente se as crianças menores percebem o que está acontecendo e procuram imitar esse comportamento.
É possível que você nunca tenha de enfrentar uma rebeldia anormal. Mas, se tem dois ou mais filhos, a possibilidade de se deparar com tal situação é maior, mesmo que você tenha dito: “Quando meus filhos se tornarem adolescentes, não se comportarão dessa maneira porque eu não vou permitir”. É difícil para um pai de criança pequena visualizar o que o espera nos próximos anos. Ele pode dizer a um filho pequeno que se sente em uma cadeira até que ele retorne e espera encontrá-lo sentado ao voltar. Isso não funciona com o adolescente. O adolescente tem sua maneira de pensar, sua individualidade e sua própria personalidade. Sua mentalidade e sua personalidade não podem ser controladas todo o tempo. Nenhum pai deve tentar manter o controle absoluto do destino de seu filho adolescente é necessário permitir que nossos adolescentes tenham a liberdade de tomar suas próprias decisões.


Fonte: PELT, Nancy Van. Como Formar Filhos Vencedores: Desenvolvendo o Caráter e a Personalidade. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2006.

Pais e adolescentes: o relacionamento vale a pena



Por Nancy Van Pelt

O Novo Dicionário Internacional de Webster define adolescência como “os anos que estão entre os 13 e os 19 da vida de uma pessoa”. Essa declaração não explica muito, não é mesmo? Em inglês, as pessoas dessa idade são conhecidas como teens. A palavra vem do antigo vocábulo teona, que significa ofensa, irritação, aflição. Sim, esses anos podem ser dolorosos tanto para os pais como para os adolescentes. Pais e adolescentes: o relacionamento vale a pena vassiliki koutsothanasi
O adolescente ainda não pode ter a liberdade de uma vida adulta, mas também já não tem os privilégios de ser criança. Pode-se dizer que, durante sete anos, ele está preso nas garras do tempo. Em geral, na idade de 15 anos, o jovem sente que tudo é proibido para ele. Não pode dirigir um carro, casar-se, pedir dinheiro emprestado, tomar suas próprias decisões, votar ou entrar para o exército. Mas deve ir à escola, quer queira, quer não. Todas essas negativas atrapalham o relacionamento entre adultos e adolescentes, e isso prevalece até que o adolescente consiga se emancipar financeiramente.
O rádio, a televisão e outros meios de comunicação apresentam várias estatísticas referentes à delinquência juvenil, ao crime, às adolescentes que ficam grávidas e às drogas. Os adolescentes do nosso tempo são piores do que fomos quando jovens? Talvez não sejam piores, mas pode-se dizer que são muito diferentes dos adolescentes de vinte ou trinta anos atrás. Ainda que façam quase as mesmas coisas que fazíamos no passado, estão agindo assim muito mais cedo. Os sociólogos confirmam que as crianças crescem mais rápido em nossos dias. Vão a encontros amorosos mais cedo e conhecem aspectos da vida adulta com uma antecedência imprópria. Têm mais dinheiro, mais meios de transporte, mais tempo livre e menos supervisão que antes. Amadurecem sexualmente três anos mais cedo que a geração anterior.
Os problemas do mundo adulto complicam mais a situação. O divórcio, a inflação, a crise de energia e a corrupção política que existem na atualidade não são quadros atraentes. Os adultos que não podem enfrentar suas próprias dificuldades não estão capacitados para enfrentar os problemas que surgem na vida do adolescente. Durante a difícil fase do crescimento, o adolescente precisa de pais que possam reconhecer que estão acontecendo nele certas mudanças que o transformarão num adulto; precisa de pais que o compreendam com paciência, e não que reajam contra seu comportamento.
No começo da adolescência, o filho geralmente aceita a autoridade dos pais, sem necessidade de muita persuasão. Quando um pouco mais velho, o adolescente quer verificar tudo o que você diz. A mesma criança que parecia estar contente sob seu cuidado começa a causar problemas, fica inquieta e se irrita com facilidade.
O método de disciplina que você usava anteriormente perdeu sua eficácia. A autoestima do adolescente começa a adquirir grande importância, a responsabilidade vira coisa do passado. O companheirismo e a amizade que você sonhava ter com seu filho parecem ter se transformado em fumaça. Os momentos de diálogo que você planejava não se tornaram a realidade esperada. O adolescente não quer ficar em casa com a família. Quando fica, sua mente divaga e não presta atenção. Age como se fosse feio ser visto na companhia de seus pais. Seus altos e baixos emocionais, seus ataques temperamentais e seus períodos de indolência começam a causar confusão.
E você se pergunta se talvez esteja perdendo sua competência como pai e o contato com seu filho. Sente-se confuso e decide buscar ajuda para entender melhor o que acontece com você mesmo e com seu filho. Procura se lembrar do que acontecia em sua juventude, mas os anos passados estão nebulosos em sua lembrança. Os lamentáveis fracassos de seus amigos com os filhos o confundem. Com novas forças, com a esperança de ter certo sucesso com seu adolescente, você enfrenta o problema e faz o melhor que pode, mas logo descobre que nuvens escuras anunciam outra tempestade.
Se essa situação descreve parcialmente sua relação com seus filhos, acalme-se, porque está dentro do que ocorre normalmente. Você não precisa sentir que fracassou como pai pelo fato de ter alguns problemas de comunicação com seu adolescente. Todos os filhos, de uma forma ou outra, expressam sua rebeldia contra os pais.

Fonte: PELT, Nancy Van. Como Formar Filhos Vencedores: Desenvolvendo o Caráter e a Personalidade. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2006.