"AJUDANDO OS PAIS A ENTENDEREM MELHOR SEUS FILHOS. PAIS INFORMADOS. FILHOS MAIS FELIZES."

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Ir para a cama cedo ajuda a evitar a depressão em adolescentes


Ir para a cama cedo ajuda a evitar a depressão. Essa é a descoberta de cientistas da Universidade Colúmbia, nos Estados Unidos. O grupo de pesquisadores descobriu que a depressão é 24% mais comum em adolescentes que têm permissão para ir para a cama tarde que em jovens cujos pais exigem que se recolham mais cedo. O estudo mostra que os voluntários que se deitavam muito tarde dormiam, em média, sete horas e meia por noite; os que se recolhiam mais cedo, oito horas e dez minutos, em média. Os pesquisadores interpretavam “horário de dormir imposto pelos pais” como o oposto de “contar horas de sono”, para descartar a possibilidade de que a depressão estava fazendo alguns jovens dormir menos, e não o contrário.
Um trabalho anterior sustenta a ideia de que poucas horas de sono podem levar à depressão. Uma pesquisa da Universidade de Londres mostrou que crianças que sofrem de insônia estão mais sujeitas a desenvolver o transtorno na adolescência. E outro estudo, sobre o risco do transtorno hereditário em jovens, agora na Universidade de Pittsburgh, mostrou que o indicador biológico de recuperação, isto é, não sofrer de depressão, era o sono adequado. Embora seja improvável que dormir pouco seja o único responsável pela falta de ânimo dos adolescentes, aqueles com predisposição genética ou ambiental para a falta de sono podem apresentar risco maior.
Experimentos realizados no Centro Médico Walter Reed do Exército e na Universidade da Califórnia em Berkeley, ambos nos Estados Unidos estão começando a esclarecer essa relação. Durante ressonâncias magnéticas, pessoas saudáveis mas com privação de sono apresentam aumento de atividade na amígdala, órgão cerebral envolvido no processamento das emoções, e redução de atividade no córtex pré-frontal – as mesmas alterações observadas em pessoas deprimidas. Em um dos estudos do Centro Médico Walter Reed do Exército, ao se defrontar com imagens perturbadoras os participantes começaram a apresentar sintomas de depressão e os voluntários de Berkeley se mostraram mais estressados que os participantes descansados.
O psicólogo William D. Scott Killgore, da Escola de Medicina de Harvard, do Hospital McLean e coautor da pesquisa do Exército, observa que todos esses efeitos neurobiológicos podem atingir os jovens de forma intensa. “Como os adolescentes sofrem muitas pressões na vida cotidiana ─ cada vez mais complicada ─, eles precisam de mais horas de sono que crianças ou adultos; assim, não dormir direito pode se transformar em um problema.

Fonte: http://www.creativecommons.org.br/

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

“Bullying”: uma violência psicológica não só contra crianças



“- Oi Nick, Oi Mark, vão ao clube de computadores mais tarde?
- Marcus nós não queremos mais que ande conosco.
- Por quê?
- Por causa deles.
- Eles não têm nada a ver comigo.
- Têm , sim.
- Não tínhamos problemas antes de andarmos com você. Agora temos todo dia.
- Além do mais, todos acham você esquisito.
- Mas é só um pouco.
- Tudo bem...”.


O diálogo do filme “Um grande garoto” (About a boy : 2000) sinaliza que Marcus está sendo vítima de um tipo de violência psicológica ou bullying. Bullying é uma palavra inglesa que significa usar o poder ou força para intimidar, excluir,implicar, humilhar, não dar atenção, fazer pouco caso, e perseguir osoutros. Ocorre com mais freqüência no ambiente escolar. Assim, numa escola, uma criança era considerada ‘escrava’ por outras chefiadas por um aluno-líder, e, um adolescente era obrigado a dar dinheiro para colegas mais velhos e fisicamente mais fortes, senão sofreria algum tipo de violência. Os professores também não estão vacinados contra o bullying. Como se não bastasse sofrer uma grave fobia escolar que o impedia de trabalhar, um professor ainda era obrigado a suportar discriminação, humilhação e ameaças veladas de colegas insensíveis, invejosos e vingativos.
Ao sofrer a violência do tipo bullying, tanto as crianças como os adultos, sozinhos, não têm como se defender. Os colegas, embora digam repudiar esse tipo de violência psicológica e sentirem pena, declaram que nada podem fazer para defendê-la, com medo de serem a próxima vítima.
Muitas crianças vítimas de bullying desenvolvem medo, pânico, depressão, distúrbios psicossomáticos e geralmente evitam retornar à escola quando esta nada faz em defesa da vítima. A fobia escolar geralmente tem como causa algum tipo de violência psicológica. Segundo Aramis Lopes Neto, coordenador do programa de bullying da ABRAPIA (Associação Brasileira Pais, Infância e Adolescência,) a maioria dos casos de bullying ocorre no interior das salas de aula, sem o conhecimento do professor.
Além de conviver com um estado constante de pavor, uma criança ou adolescente vítima de bullying talvez sejam as que mais sofrem com a rejeição, isolamento, humilhação, a tal ponto de se verem impedidas de se relacionarem com quem ela deseja, de brincar livremente, de fazer a tarefa na escola em grupo, porque os mais fortes e intolerantes lhe impõem tal sofrimento.
Também faz parte dessa violência impor à vítima o silêncio, isto é, ela não pode denunciar à direção da escola nem aos pais, sob pena de piorar sua condição de discriminada. Pais e professores só ficam sabendo do problema através dos efeitos e danos causados, como a resistência em voltar à escola, queda de rendimento escolar, retraimento, depressão, distúrbios psicossomáticos, fobias, etc.
No âmbito universitário não são raros os casos de mestrandos e doutorandos, no decorrer de sua pesquisa, serem vítimas de várias formas de pressão psicológica, normais, como os prazos de entrega dos trabalhos, falta de dinheiro para continuar a pesquisa, falta de apoio do orientador, familiares, colegas e amigos. E, anormais, como o assédio moral, bullying, etc. O bullying tem o poder levar o pesquisador ao travamento de sua produção intelectual, além de causar danos à sua existência cotidiana.
Lopes Neto observa que há casos de suicídio de pessoas que não suportaram tamanha pressão psicológica advindas do bullying. Talvez o pior efeito da pressão sofrida nos casos de bullying é a vítima se sentir condenada à ‘inexistência’, ou à ‘invisibilidade’, geralmente levado a cabo por grupo que combina entre si ignorar um colega, fazer de conta que ele não existe, desqualificá-lo na sua competência intelectual, ou rejeitar um pedido seu, etc. Há casos em que esse tipo de vítima passa a sofrer tão baixa auto-estima que nem sequer tem forças para desabafar com alguém.
Por outro lado, existem casos em que a vítima aprende a conviver com a situação se tornando uma voluntária servil do dominador.
A Abrapia vem preocupando-se com as vítimas de bullying, isto é, pessoas cujo sofrimento é causado por diversas formas de violência, tais como a: violência física, violência sexual, negligência, síndrome do bebê sacudido (Shaken Baby Syndrome), e síndrome de Münchausen. “A negligência (abandono), considerada uma agressão pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, representou 39,8% dos casos estudados pela Abrapia no ano passado no Rio. A violência física, 26,8%. Os demais casos se dividem entre violência psicológica (26,2%) e abuso sexual (7,2%). As mães foram os agressores mais citados nas denúncias, com 43,3% dos casos, bem mais do que os pais (33,9%). Agressores estranhos à família não chegam a 30%”, diz a pediatra Ana Lúcia Ferreira, do hospital da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Um estudo da Abrapia feito no Rio de Janeiro e usado como referência para o Unicef (o fundo da ONU para a criança) indica que, entre as 811 crianças e adolescentes vítimas de agressões denunciadas à entidade só no ano passado, 64% tinham menos de dez anos de idade” (rev. Istoé- Aziz Filho). A Associação vem realizando pesquisas e desenvolvendo medidas sócio-educativas para evitar o agravamento dessas situações principalmente em creches e escolas.

O que fazer?

Os pais devem apoiar o filho, abrindo espaço para ele falar sobre o sofrimento de estar sendo rejeitado pelos colegas. “Obrigar o filho a enfrentar os agressores pode não ser a melhor solução, visto que ele está fragilizado, ou seja, corre o risco de sofrer uma frustração ainda maior”, diz Lopes Neto. Mas, fazer de conta que não existe bullying ou outro tipo de violência psicológica na escola é, no fundo, autorizar a prática de mais violência. É preciso estar atento para o risco de suicídio onde a vítima sem auto-estima alucina tal ato como ‘saída’ honrosa para o seu sofrimento. Esta é uma atitude freqüentemente usada no Japão.
Quando a violência ocorre na escola cabe aos pais conversar com a direção. É dever desta instituição ensinar os conhecimentos e promover a inclusão social e psicológica. A escola e a universidade jamais devem fazer vistas grossas sobre os casos de intolerância de violência psicológica ou física. A escola, principalmente, deve ter uma atitude preventiva contra o bullying, começando pela conscientização e preparação de professores, funcionários, pais e alunos. Por um lado, é preciso apoiar as crianças vítimas e, por outro, é imprescindível fazer um trabalho especial com as pessoas propensas para cometer violência contra os colegas, professores e funcionários.
Os pais e professores devem estar atentos sobre a possibilidade real de conviver com uma vítima silenciosa de qualquer tipo de violência, como também conviver com o(s) agente(s) dessa violência. (Se a instituição de ensino não tomar providências, cabe aos pais ou responsáveis denunciar a violência ao Conselho Tutelar, pode até mover um processo junto a Justiça, cobrando do agressor a reparação por dano moral ou físico). Criança ou adolescente que repete atos de intolerância e de violência para com o próximo pode estar sendo “autorizada” pelos pais que a vêem positivamente como “esperta”, “machão”, “bonzão”, “fodão”, etc. O adulto que pratica bullying pode estar sendo influenciado por uma organização perversa do trabalho burocrático, ou por um grupo que usa a intolerância como meio de expressão política. É preciso estar muito atento aos grupinhos informais de traços neofascistas, as gangs, porque a afirmação da sua identidade narcísica é conseguida por meio da intolerância, da discriminação e da violência.
Segundo pesquisas, existe uma relação de continuidade entre a criança cuja estrutura psíquica é perversa[3], que cometia atitudes anti-sociais, e o adulto que comete atos delinqüentes ou criminosos, lembra Lopes Neto. A estrutura psíquica é a mesma. São casos em que a educação falha, embora o sujeito possa obter algum sucesso na sua vida escolar e profissional. Adquirir conhecimento ou um título de doutor nada tem a ver com adquirir sabedoria. Por vezes, encontramos pessoas cujo conhecimento fez aumentar sua arrogância e insensibilidade em relação ao próximo.
Ou seja, embora a formação escolar e universitária não tem o poder de melhorar a estrutura psíquica do tipo perversa, temos que trabalhar com cálculo e empatia para formar bons cidadãos. Se pudéssemos proporcionar tanto uma educação (familiar) como um ensino (escolar), voltados mais para a sabedoria do que para o conhecimento e a informação, talvez pudéssemos trilhar um caminho mais efetivo de prevenção em prol da saúde psicológica e social.
Com informações do site Espaço Acadêmico

Crítica dos pais é pior que bullying como causa de estresse infantil


Mário Barra
Do G1, em São Paulo


Ainda muito longe do vestibular ou de iniciar a carreira profissional, cada vez mais crianças têm de lidar com o estresse, há pouco tempo considerado “doença de adulto”. Uma pesquisa da ISMA, associação internacional para prevenção e tratamento de estresse, apontou suas três principais causas entre crianças de 7 a 12 anos de idade.
A surpresa é que o bullying, a prática de violência, humilhação e intimidação física ou psicológica entre crianças, não é a primeira causa. As críticas e desaprovações dos próprios pais – citadas por 63% das crianças consultadas – incomodam mais que bullying.
Em segundo, o excesso de tarefas na rotina é apontado por 56%. O bullying aparece em terceiro, com 41% das crianças reclamando do peer pressure (pressão dos colegas). “O bullying não é generalizado”, explica Ana Maria Rossi, psicóloga e diretora da unidade brasileira da ISMA. A pesquisa foi feita com 220 crianças do Rio Grande do Sul e de São Paulo.
Um dos motivos apontados pela especialista é o ambiente de brigas na família, que torna as crianças pouco comunicativas. Com o tempo, além da falta de expressão, chegam as dores de cabeça, de barriga e pouco ânimo para sair.
“Os pais começam a ficar preocupados, mas ao levar os filhos aos pediatras, muitas vezes nenhuma causa clínica para o mal-estar é revelada”, afirma Ana Maria. “Após encaminhar a psicólogos, há casos que chegam a necessitar de medicação, para depressão ou para ansiedade.”
Mecanismos de defesa
Uma das maneiras mais comuns de a criança mostrar que apresenta um problema de estresse é o que os psicólogos chamam de benefício secundário. Ao ser hostilizada no ambiente escolar por conta das roupas que veste ou de sua aparência, a criança passa a se queixar de dores, por vezes inexistentes. A reclamação faz com que elas possam escapar, por alguns dias, da escola.
“Alegar a dor faz com que elas evitem o lugar que as deixa tristes, conseguindo o que querem”, explica a psicóloga. “A criança é muito intuitiva, sabe como usar sua sensibilidade para manipular o adulto.”
Um dos usos do benefício secundário é o de fugir do acúmulo de atividades, muitas delas impostas pelos pais. “É importante ver o que a criança gosta. Se ela não é esportiva, para que colocá-la, ao mesmo tempo, em aula de natação, basquete e futebol?”, afirma Ana Maria. “Isso sobrecarrega os pequenos, muitas vezes eles odeiam a atividade, só não revelam isso verbalmente.”
O que fazer
Para Ana Paula Rossi, o mais importante para os pais é saber escutar os filhos. “Devem monitorar as notas dos filhos, estar por perto, deixar de inventar atividades para a criança simplesmente por medo de conviver com ela”, diz a especialista. “Quanto às mentiras, o melhor é tentar entender o porquê de o garoto usar o mecanismo de defesa, em vez de censurá-lo por isso.”
A psicóloga também afirma que os pais não devem ter medo de educar os filhos, cedendo às táticas de crianças muito mimadas para obter o que querem. “Para evitar um escândalo, muitas vezes os pais desviam da função de orientar, e isso é um desserviço à criança.”
“Nos Estados Unidos, essa é uma questão complicada, já vi muitos pais sendo censurados pelas pessoas ao tentarem passar autoridade às crianças em público”, diz Ana Maria. “De vez em quando, é muito mais fácil para o pai simplesmente dizer sim ao mimo.”
O outro extremo também não é o mais indicado. “O pai não deve ser irredutível quanto ao que o filho deve ou não fazer, a escolha precisa ser da criança”, diz Ana Maria.
 
Com informações do site G1 - Globo.com -11/10/2010

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

JOVENS – Caem os mitos sobre a adolescência

Uma série de estudos revela que os jovens não são tão inconsequentes, egoístas e preguiçosos quanto parecem.
Quando o assunto é criação de filhos, cada fase tem sua beleza e seus dissabores. Cabe aos pais aprender a lidar com uma nova criança que desabrocha a cada etapa que se inicia. A adolescência, no entanto, é vista como um bicho de sete cabeças. Nesse momento de transição, quando começam a se descobrir adultos, os filhos sentem vergonha, questionam, desafiam e se afastam – só para citar alguns aborrecimentos típicos. “A adolescência é, sem dúvida, a fase mais temida”, afirma a hebiatra (médica especializada em adolescentes) Jayne Blanchard, do Centro para a Saúde do Adolescente, da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg, nos Estados Unidos. “Mas, muitas vezes, os jovens agem de determinada maneira simplesmente porque é da sua natureza.” Depois de notar as dificuldades de muitos deles para entender a própria cria, Jayne e a também hebiatra Clea McNeely lançaram o livro “The Teen Years Explained – a Guide to Healthy Adolescent Development” (A Adolescência Explicada – um Guia para um Desenvolvimento Saudável de Jovens).



Recém-lançada nos Estados Unidos (e sem previsão de chegada ao Brasil), a publicação reúne as principais descobertas científicas sobre o funcionamento cerebral do jovem de 10 a 19 anos e se apoia em estudos relevantes sobre essa faixa etária. Com esses recursos, derruba alguns mitos consagrados sobre os adolescentes. Como, por exemplo, de que eles são egoístas e não têm noção do perigo. “Nessa fase, o jovem ganha 50% de seu peso de adulto, torna-se capaz de se reproduzir e experimenta um enorme desenvolvimento cerebral”, diz Clea. “Tudo isso, ao mesmo tempo que descobre a paixão, a amizade e a vida profissional.” A velocidade dessas transformações contribui para a insegurança paterna. “Esse desenvolvimento é caracterizado pela falta de sincronia. Então, apesar de eles crescerem de tamanho, têm os lados cognitivos e emocionais imaturos.”

O livro das médicas americanas demole, por meio de pesquisas recentes das mais renomadas instituições, máximas relacionadas ao temperamento adolescente. Afinal, que pai nunca chamou o filho de 10 a 19 anos de egoísta ao menos uma vez? As autoras explicam que é injusto dizer que os mais novos só pensam neles. “De fato, mudanças cerebrais estimulam os jovens a pensar mais neles, especialmente por volta dos 15 anos”, explica Clea. “Mas, ao mesmo tempo, o desenvolvimento cognitivo os leva a focar em algo mais profundo e denso.” Prova disso é que os adolescentes levantam suas bandeiras com fervor. Por exemplo, um jovem que fica sabendo da crueldade praticada contra aves nas granjas tende a se tornar vegetariano, segundo pesquisas.


Ousados, audaciosos, intempestivos… A ideia de que os mais novos ainda não têm noção do perigo tira o sono dos pais. Mas, se depender das pesquisadoras Jayne e Clea, eles podem voltar a dormir sossegados. Hoje, um maior conhecimento dos processos cerebrais revela que os jovens sentem medo sim, por exemplo, de contrair doenças sexuais ou usar drogas ilícitas. Por outro lado, a consciência do risco não os imobiliza. O estudo “Perspectiva Social e Neurocientífica do Comportamento de Risco do Adolescente”, do psicólogo americano Laurence Steinberg, de 2008, mostra que, ao ignorar o dano e enfrentar a situação, o adolescente se sente mais recompensado do que um adulto se sentiria. “Ressonâncias magnéticas revelam que a região do cérebro que recebe estímulos compensatórios do risco alcança níveis elevadíssimos nessa fase”, diz Clea.
 
É BIOLÓGICO Comer e dormir muito faz parte do pacote cerebral


Enquanto isso, explicam as pesquisadoras, a área cerebral que controla impulsos só amadurece na idade adulta. Além disso, o jovem se coloca em situações arriscadas em nome da aceitação social. E é essa a principal preocupação dos pais, segundo a presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia, Quézia Bombonatto. “Sabem dos males, mas fumam, bebem e usam drogas para impressionar os colegas e não serem excluídos do grupo”, diz ela. “Nesse sentido, cabe uma orientação para que eles, ainda sem estofo para enfrentar pressões sociais, fortaleçam a sua personalidade.”

RELAÇÃO PROFUNDA
Embora pareçam estar sempre contra os pais, é a eles que os jovens
recorrem quando precisam falar de assuntos sérios e delicados

Especialistas são unânimes: a jornada de pais de filhos adolescentes tem de ser feita lado a lado. Afinal, não se trata mais de uma relação com uma criança que pode ser colocada no colo e convencida das verdades do mundo, mas sim com um aprendiz de adulto, que tem suas próprias convicções. O livro das médicas da Johns Hopkins deixa claro que os dois lados têm sua dose de responsabilidade, ainda que inconsciente, no aumento dos conflitos desta fase. Se de um lado há a falta de conhecimento dos pais, do outro há a imaturidade cerebral dos filhos. “Nesse momento, adultos e adolescentes veem as coisas de maneira diferente porque seus cérebros funcionam de formas distintas”, explica Clea. Os mais velhos precisam entender que os mais novos têm dificuldade de encontrar o meiotermo em argumentos e opiniões. “Eles tendem a ver tudo preto ou branco e por isso são tão radicais quando defendem o seu ponto de vista.”
Um bálsamo para pais presente no livro diz respeito à imagem que eles acham que seus filhos fazem deles nesta fase. Muitos reclamam que seus rebentos gostam de desafiá-los o tempo todo e só ouvem os amigos. Outra afirmação que os estudos recentes derrubaram solenemente. É da natureza do jovem discordar do adulto. Eles encaram os conflitos como uma maneira de expressar seus sentimentos, enquanto os mais velhos levam para o lado pessoal. Além disso, adolescentes afirmam – e pesquisas confirmam – que os pais ou outros adultos, como parentes ou professores, são a sua maior influência. “Nessa época, os jovens se afastam dos pais e formam seu círculo social. É nessa fase que passam a valorizar as amizades”, diz Clea. “Mas isso não significa que eles não procurem ou não ouçam os adultos em questões mais densas.”
Acredita que nem preguiçosos eles são? Os pobres rapazes e moças precisam de mais horas de sono, algo em torno de dez horas, por questões biológicas. Falando sobre o organismo da garotada, quem acha que o jovem tem metabolismo milagroso deve rever seus conceitos. “Engana-se quem pensa que ele pode comer o que quiser e quanto quiser sem engordar”, diz Clea. No Brasil, dados do IBGE (2002-2003) revelam que 15,4% dos jovens brasileiros têm excesso de peso e 2,9% são obesos. Com as revelações, o livro é uma bússola para pais sem rumo. Com informação, tudo pode ser diferente.
Fonte: ISTOÉ-por: Claudia Jordão
Disponível em: http://odiario.com/blogs/inforgospel/2010/04/26/caem-os-mitos-sobre-a-adolescencia/