Por Nancy Van Pelt
Os pais podem ajudar os adolescentes de várias maneiras:
1. Respeite a privacidade. O adolescente precisa ter um lugar próprio, e os pais não devem se sentir rejeitados se ele fechar a porta do quarto. As coisas particulares incluem as cartas, o diário e as chamadas telefônicas. Os pais que bisbilhotam o quarto e os objetos pessoais do adolescente para encontrar evidências de atividades clandestinas estão violando o direito de privacidade do filho. Se você suspeita que seu filho esteja usando drogas, a necessidade de procurar e confiscar a droga é outro assunto; mas nada de prender diários pessoais e correspondência ou procurar coisas nos bolsos, nas carteiras e nas gavetas.
2. Torne o lar atrativo. Alguns pequenos cuidados, como uma aparência pessoal bem cuidada, arrumar as camas e manter a cozinha limpa, podem salvar o adolescente de se sentir envergonhado quando seus amigos o visitam. O adolescente é muito sensível à opinião que seus companheiros possam ter de seus pais, mesmo que ele próprio ande de qualquer jeito. Nunca deixe de fazer coisas em família. Muitos jovens têm bons pais, mas não os conhecem de verdade, porque só os veem quando estão dando broncas, criticando ou dizendo o que devem fazer. Uma das coisas que mais influenciam na felicidade da família é o sentimento de companheirismo e compreensão. Muitos dos contatos dos pais com seus filhos adolescentes são de necessidade, para a rotina e com finalidade de controlar. Por isso, é importante que também haja contatos menos sérios e mutuamente satisfatórios. As brincadeiras em família, as viagens ao campo, as férias, as caminhadas pelo bosque, os projetos de construção e os debates amigáveis criam uma atmosfera agradável que atrai os filhos.
3. Supervisione sutilmente. O adolescente não responde quando enfrenta uma série de situações negativas; no entanto, quer ser dirigido. Por um lado, prefere pais que manifestem firmeza; mas, por outro lado, se revolta quando lhe negam a liberdade a que tem direito. Nesse caso, pode ameaçar: “Deem-me liberdade ou eu vou embora desta casa”. Entretanto, a disciplina de modo nenhum cessa ou diminui na adolescência. O adolescente precisa que a âncora da disciplina parental (termo atual relativo ao pai e à mãe) o sustenha durante esse período da vida. A disciplina, como se sabe, deve ser justa e sem divisão. Não se deve permitir a nenhum filho indispor o pai contra a mãe; quando for preciso tomar uma decisão, o chefe da unidade familiar deve assumir essa responsabilidade.
4. Respeite o grito de independência. O adolescente precisa dos laços familiares, mas não quer estar preso, e os pais devem reconhecer essa diferença. Às vezes, os pais temem dar independência ao adolescente porque pensam que ele não tem idade suficiente para usá-Ia de forma responsável. O adolescente quer ser livre, mas não está pronto para ser independente e não entenderá mesmo que você o lembre disso a cada momento. Quando o adolescente lhe pedir mais liberdade, permita-lhe tomar suas próprias decisões, desde que seja responsável pelo resultado de seus próprios atos. Em geral, quando o jovem não está pronto para enfrentar essa nova liberdade, o mais seguro é que volte a você em busca de orientação.
5. Mantenha o bom humor. Para lidar satisfatoriamente com um adolescente, é preciso que haja equilíbrio entre o amor e a disciplina na escala do bom humor. O adolescente — e até mesmo o adulto — faz qualquer coisa razoável se alguém lhe pede de forma agradável. O bom humor é um antídoto contra a tendência de considerar a adolescência com muita seriedade. O riso produz uma atmosfera de aceitação e alegria no lar, e o adolescente precisa aprender a desfrutar da vida familiar e rir com os outros e sozinho.
6. Discuta as mudanças que podem ocorrer. Comente com o seu filho as mudanças que ocorrem durante a adolescência, as mudanças nas regras do lar e as pressões que enfrentarão no futuro. Com certeza, você já deve ter falado com ele sobre as mudanças que acontecerão em seu corpo, mas agora é o momento oportuno para repassar essas coisas; quando se trata do desenvolvimento sexual, é preciso fazê-lo com clareza e sem vacilar.
7. Promova o entendimento. Fale em particular com os membros mais jovens da família sobre certos problemas que precisam de mais compreensão da parte deles, mostrando como poderiam ajudar a aliviar a carga. Ao dar-lhes a oportunidade de participar de certos assuntos, os pais podem ajudá-los a entender melhor a adolescência antes de chegarem a essa fase.
8. Ouça o adolescente. Muitos pais não ouvem seus filhos adolescentes — pelo menos não com mente aberta. Alguns se importam pouco com as ideias e os sentimentos deles: “Além de tudo, é apenas uma criança. Eu o ouvirei quando aprender a dizer o que tem para dizer”.
Em uma pesquisa feita entre adolescentes, fizeram-se estas perguntas: “Quando você tiver seu próprio lar, gostaria que ele fosse como o seu agora ou preferiria fazer mudanças? Se pretende fazer mudanças, quais seriam elas?”. A maioria respondeu que a mudança seria dedicar mais tempo para ouvir os filhos. Um deles respondeu: “Se procuro minha mãe com algum problema, ela se escandaliza com o que eu digo e pede que eu tire da minha mente essas bobagens. Se procuro meu pai, ele me passa um sermão de uma hora”.
Os jovens de hoje são uma nova geração e devem sentir que nos preocupamos com eles, ouvindo o que nos dizem sem nos aborrecermos, sem culpar ninguém, sem os julgar e sem os podar. Ouvir os jovens com atenção é um fator muito importante; cria uma ponte sobre o abismo entre as gerações.
9. Dê segurança, amor e aceitação. O adolescente precisa de segurança num relacionamento que não muda com as circunstâncias. Ele precisa saber que, mesmo que haja mal- -entendidos e diferenças, sua relação com os pais não será interrompida.
Para o adolescente, um amor maduro significa que tanto o pai como a mãe estão dispostos a participar na sua vida e no seu crescimento e a liberar essa pessoa em desenvolvimento para esferas cada vez mais amplas da existência. Os pais devem dar aos filhos grande quantidade de afeto físico. O adolescente que na infância foi consolado por seus pais depois de um tombo ou de um machucado não se envergonhará do afeto deles nem se sentirá tão inclinado a buscar uma compensação nas relações sexuais prematuras.
10. Os adolescentes precisam ver que seus pais expressam amor mútuo a cada dia. Estudos cuidadosos indicam que as boas relações entre o casal podem ser profundamente afetadas quando os filhos estão na adolescência. Um dos fatores que contribuem para isso é a tensão emocional que se produz. Outros problemas têm pouco a ver com os filhos, mas surgem das necessidades não satisfeitas do esposo e da esposa.
Nos primeiros anos de vida da criança, a mãe pode satisfazer sozinha sua necessidade de segurança, mas, durante os tumultuados anos da adolescência, o jovem precisa da atenção tanto do pai como da mãe. Se ambos resolverem os problemas que impedem uma relação matrimonial satisfatória, a maioria dos problemas da adolescência também desaparecerão. A segurança do adolescente é reforçada quando a segurança em família é evidente.
Fonte: PELT, Nancy Van. Como Formar Filhos Vencedores: Desenvolvendo o Caráter e a Personalidade. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2006.
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